Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN. 5i3n4u
Com a criação recente do Dia do Brega Nacional, finalmente o gênero musical mais popular do Brasil ganhou o reconhecimento que sempre mereceu. A palavra “brega”, sempre usada de modo pejorativo pelos intelectuais preconceituosos para criticar o gosto musical das classes mais humildes, é uma expressão única que reflete as paixões, os dramas e os estilos e comportamentos populares brasileiros.
O Rio Grande do Norte deu sua contribuição à música brega, através de nomes como Núbia Lafayete, Carlos Alexandre e Elino Julião que, apesar de compositor e cantor de Forró, foi o criador de um clássico da música brega: Meu Cofrinho de Amor.
As origens do brega não são conhecidas e nem são vinculadas exclusivamente a nenhum estado; existem várias lendas urbanas com relação ao tema, entre as quais a que diz que havia em Salvador uma rua chamada Rua Padre Manuel da Nóbrega; o tempo teria desgastado a placa que se deteriorou, restando apenas o termo brega, do sobrenome Nóbrega. Com a construção de vários cabarés na rua, a expressão seria identificada com o local onde nos vários meretrícios se cantava e tocava música dor de cotovelo; daí teria surgido a palavra brega para definir um estilo musical. Pura fantasia.
Nos cabarés de todo o Brasil se tocava e cantava música brega, mas no Norte e Nordeste, a proliferação do estilo foi mais intensa. Cada estado tinha suas características brega, mas nos estados do Pará e Pernambuco o estilo se popularizou com maior intensidade e a travessou fronteiras. Esses dois estados contribuíram bastante para o desenvolvimento e a popularidade do gênero, cada uma dentro das suas características regionais.
No Pará, o brega se tornou um fenômeno cultural profundamente enraizado no cotidiano das pessoas e sofreu uma forte influência da música feita na Guiana sa, apresentando um estilo com bastante percussão e solos de guitarra “na cara”. Com o tempo, os teclados eletrônicos e as batidas dançantes enriqueceram o movimento, que se espalhou pelo Brasil, revelando nomes como a banda Calypso, Wanderley Andrade e Gaby Amarantos.
No estado de Pernambuco, tudo começou em Recife, com Reginaldo Rossi. Contratado pela gravadora CBS em 1967, o pernambucano “estourou” com a música O Pão, chegando até a participar do programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos na TV Record. A partir daí Rossi, que lia muito, era bem informado e um pesquisador contumaz de música estrangeira (principalmente música americana), começou a fazer suas próprias composições, a se vestir à moda de Elvis Presley até que, nos anos 90, caiu na graça da mídia nacional e da elite brasileira com seu megassucesso Garçom, ganhando o título de O Rei do Brega. O brega pernambucano é diferente do brega paraense, pois dá mais ênfase aos sentimentos em comparação com o brega da cidade da região amazônica, que prioriza o ritmo dançante.
O brega é um reflexo da diversidade cultural do Brasil. E com a criação do Dia Nacional do Brega pelo presidente Lula, com certeza o movimento vai ser respeitado e considerado um verdadeiro movimento cultural. E talvez a partir de hoje, todo mundo – ou quase todo mundo – vai dizer que adora música brega.
Disso eu não tenho dúvida.
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