Procurador Federal, membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, da União Brasileira de Escritores no Rio Grande do Norte e da Associação Sertão Raiz Seridó. 3a1e2c
A notável sensibilidade poética de Paulo Benz transcende a página e se transforma em algo palpável, ao se perceber seu cotidiano contemplativo e atento às cenas da natureza, dos seres diversos e, destacadamente, a natureza que chamamos de humana.
Nada a desapercebido do olhar e da investigação profunda das coisas. Tudo instiga o poeta e move os seus sentimentos enraizados. A visão e a poesia de Paulo são circulares e colhem em todos os lugares os ramos e os frutos da beleza existente e resistente, mesmo que às vezes ácida, irônica, dotada de lâmina afiada e certeira.
É que Paulo, na sua inquietude, sabe que o mundo é diverso, múltiplo, multicolorido, como as formas e os conteúdos dos seus escritos. Paulo não é poeta convencional e nem homem vulgar. Está além das meras paisagens urbanas repentinas e repetidas:
“Há sempre uma hora em
Que a sombra é mais
longa do que seu objeto.”
Elementos naturais das suas frases poéticas: rio, mar, água, fogo, vento, pássaros, luar, bruma, rocha, montanha, terra; tudo se mistura ao cotidiano das repetições e aparentes banalidades urbanas, mas que vêm colaborar na amálgama desse construtor e reconstrutor de mundos.
Nessa assertiva abaixo, talvez o poeta sintetize essa necessidade vital de sair da inércia e ingressar no movimento das palavras em algaravia:
“Não sei viver longe de rio ou mar.
Do conforto da sala, me voltei
ao navegar.”
Paulo nos traz os mistérios das palavras que conseguem unir grandes rios e rios grandes (é um poeta gaúcho-potiguar), provocando alquimias e belas misturas de sensações, sentimentos, devaneios e viagens sem fim, com cais incerto.
E isso é a grande aventura da poesia de Paulo Benz.
Nada fica inerte e tudo eia por ares calmos e se joga, veloz, nas turbulentas ventanias. Também singra mares de navegações arrojadas.
Paulo Benz decidiu trilhar caminhos sem as facilidades das bússolas, na plenitude das perplexidades dos encontros inusitados e alumbramentos.
Há um convite expresso para que sigamos essas estradas, esses mares; para que corramos riscos em companhia do autor e saibamos, de antemão, que nada ficará intacto, mas também nada ficará para trás, nada será esquecido, posto que a perspectiva e o horizonte trazem esperança, luz e a beleza do retorno ao país sentimental das origens.
Na leitura desta obra nascente, pode-se ser inconstante, pode-se correr um lápis e olhos intermitentes. Se percebermos bem, podemos nos permitir a ousadia de sermos insurgentes e arredios.
No entanto, em algum valioso instante, numa das ilhas longínquas a que nos leva a poesia de Paulo Benz, perceberemos a plenitude da leveza da nossa alma, em meio às sutilezas e delicadezas líricas, eróticas, telúricas, tudo o que alimenta a vivência rica e engrandecedora, no percorrer, em êxtase, da obra que ora nos traz o poeta.
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).