Professor, economista, Cientista Politica, comunista, headbanger, flamenguista, americano e apreciador de Jack Daniels 73g2n
Nova Iorque é, sem dúvida, a cidade mais cosmopolita do mundo. Sua população, considerando sua área metropolitana, é de aproximadamente 21 milhões de habitantes e, embora não seja a mais populosa (está em 11° lugar) é, sem dúvida, o pulmão financeiro do mundo e o centro da acumulação da riqueza capitalista. É uma cidade riquíssima e muitos brasileiros babam por poder ear nessa cidade, principalmente para alimentar o amor à riqueza e ver o quanto estão distantes dela.
Mas, de acordo com pesquisa recente, essa megalópole da riqueza, está adoecida. Não no topo, mas na base. A riqueza se concentrou de tal forma e a as mudanças tecnológicas afetaram tão profundamente as esferas da criação do valor, que a exclusão social está se tornando uma verdadeira praga social. Os mais velhos estão simplesmente sendo abandonados, sem um sistema previdenciário público, e vivem na pobreza; e os mais jovens simplesmente não tem oferta de TRABALHO suficiente para que possam ter qualquer tipo de sonho, mesmo o mais tenro (emprego, casa e família).
O Capitalismo, que nunca foi inclusivo, agora se movimenta pela maciça exclusão da sociedade do o ao Bem-Estar. Sua lógica agora revela o quanto pode ser periculoso. Na poderosa Nova Iorque, cresce assustadoramente a pobreza e a exclusão social, que todos sabem o que resulta: deformação das estruturas sociais.
Se na cidade mais rica do mundo os problemas sociais se apresentam, agora, de forma transversal na sociedade, desde a parte mais baixa da pirâmide social até ao topo desta, o que dizer de espaços urbanos que estão anos-luz dessa riqueza. A pobreza de Nova Iorque é uma pobreza em que o indivíduo está desamparado e está convencido que parte ou até a totalidade da sua condição é culpa sua, já que não conseguiu se adaptar às mudanças.
Afastado e excluído, o desamparado defende ardorosamente o sistema, mesmo vivendo como nômades, dentro de carros, em trailers ou em estacionamentos. Ele, o novo miserável, está ciente de que sua posição é provisória e vai melhorar. Ele ou ela, reza, chora e sofre, mas sabe que vai melhorar. Quando? Não importa. Vai melhorar.
Essa sociedade, a mais liberal (em termos econômicos) é a que os nossos “liberais” idolatram. Nossos “liberais”, a maioria absolutamente ignorantes do que é ser “liberal”, se apega num dogma falacioso de que a sociedade norte-americana é um modelo de “sucesso”, afinal de contas “todos podem crescer vencer”. Nem Smith, o primeiro a forjar a metodologia da Ciência Econômica, e nem Ricardo, que chamo de “liberal pessimista”, disseram isso, mas os “liberais” brasileiros tiraram e tiram de alguma cartola que o esmagamento social é o ponto de partida da criação de riqueza.
A aposta dos “liberais” é a de que tirando o Estado, tirando o governo e tirando o conceito de “coletivo”, a sociedade vai melhorar. Entrega tudo aos empresários(as), pessoas dotadas de algum dom franciscano, que querem ficar ricos, atraindo os que estão embaixo, para cuidarem de tudo. Criou-se um mantra sobre a qualidade do serviço privado sobre o serviço público e, por conseguinte, é melhor deixar tudo nas mãos do empresário(a) e tudo se resolve. Ser rico e ter sucesso, é a receita certa. Como? Não importa. O que importa é a busca individual pela riqueza. Thomas Hobbes deve estar observando, de algum lugar, e rindo. Sua visão de “homem é o lobo do homem”, publicado na obra “O Leviatã”, publicado em plena guerra civil inglesa, em 1651, parece, agora, ser profética.
A exclusão está a olhos vistos. Os pequenos “esconderijos sociais”, as cidades fechadas, dentro das cidades, feitas para proteger a classe média, me remete ao livro “A Máscara da Morte Vermelha”, de Edgar Allan Poe, de 1842, expõe como os privilegiados acreditavam estar livre da praga e a praga mostrou sua vulnerabilidade.
Os excluídos são milhões. Sem algum articulador social, que defenda e ache soluções para seu pesar e dor, se tornaram presas fáceis dos sedutores discursos que prometem sua redenção individual, quer se transformando numa máquina de entregas, que trabalha 10, 12 horas por dia, sem nenhum tipo de proteção social, mas que o deixa “livre para fazer o que quiser”; quer mergulhando no mundo online, baseado no “sucesso” de coachs ou sendo trapaceado pelas verdadeiras máquinas de produzir desesperos, os jogos online; quer pela busca de saída da sua pobreza, material e espiritual, junto a trapaceiros religiosos, que literalmente o depenam em troca de salvação da alma, a nova versão das miseráveis vendas de indulgências.
Esse artigo não tem fim. Não acaba. Já o mundo....
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